Teatro

O Encontro dos Caminhos Ela: "Você fala tanto de paz, de estar presente, de sentir a vida em cada detalhe... Mas às vezes me pergunto: será que você não está esquecendo de viver também? Não estou dizendo que o que você sente não é verdadeiro ou profundo. É lindo, de verdade. Mas e se eu te dissesse que há uma outra forma de presença? Uma que acontece no movimento, na entrega, na entrega ao outro?" Ele: "Eu entendo o que você quer dizer. E sei que há beleza nas ruas, nos encontros, nas festas, nas viagens. Já pensei nisso muitas vezes. Mas para mim, tudo isso sempre esteve aqui, onde estou. No vento que toca minha pele, no som das folhas, no silêncio da chuva. Por que buscar mais quando já tenho tudo?" Ela: "Porque 'tudo' pode ser maior do que você vive. Você fala de sentir cada célula do seu corpo vibrando com o mundo, mas já pensou em sentir essa vibração com outra pessoa? Em caminhar por uma rua desconhecida segurando minha mão? Em dançar até perder o...

Se você me perguntar o que eu quero, eu falo: paz. Simples assim. Paz. Mas não aquela paz que vem depois da tempestade ou aquela que só se encontra em lugares longe do barulho do mundo. Falo de uma paz mais profunda, que nasce dentro, no silêncio das coisas simples, no jeito como a vida acontece sem pedir licença. Eu sei que existem praias lindas, com águas tão azuis que parecem pintadas à mão. Sei das montanhas sagradas, onde o vento parece sussurrar segredos antigos aos nossos ouvidos cansados. Existem restaurantes especiais, onde cada garfada é uma gostosura. E também sei do calor de um estádio de futebol, da energia contagiante do carnaval, das cenas de amor que parecem sair dos filmes para a nossa vida. Tudo isso existe, e eu celebro. Agradeço por cada detalhe desse mundo vasto e cheio de possibilidades. Mas há dias em que o vento é forte demais, quando o silêncio parece pesado ou quando o mundo grita alto demais. Há momentos em que a vida parece me testar, me dobrar, me desafiar....

Diálogo: Pacto Contra a Loucura Uma sala simples, iluminada pela luz suave de um entardecer. Ele e Ela estão sentados frente a frente, em cadeiras que parecem flutuar entre o real e o simbólico. Há uma tensão no ar, mas também uma intimidade profunda. Eles se olham com uma mistura de vulnerabilidade e coragem. Ele: — Você aceita que você é louca? Porque saiba... eu sou louco. Ela: (pausa, franzindo a testa) — Eu sou louca? Você acha que sou louca? Ele: (com um sorriso leve, mas sincero) — Não estou te julgando, escuta... Quer dizer, em algum momento te atacam paranoias de ciúme, ou de que estás sendo abandonada, ou abusada... sei lá, são tantas. O pacto entre nós é avisar antes de que ataque a loucura. Ela: (pensativa, cruzando os braços) — Avisar... Antes que nos consuma, certo? Assim nós podemos neutralizar, perceber o que nos pega e reciclar. Sair dessa eterna pingue-pongue... Você fixo no que te pega, e eu... Ele: (interrompendo suavemente) — Isso. Vamos firmar isso em nossa cumpli...