🎬 Roteiro: Vivendo e Aprendendo a ser mulher
Duração sugerida: 3 a 5 minutos
CENA 1 — O QUARTO | AMANHECER
Plano geral: Quarto mal iluminado. Cortina rendada esvoaça com o vento suave. A luz fria da madrugada dá lugar ao prateado do amanhecer.
Plano detalhe: PartÃculas de poeira dançam na lâmina de luz que invade pela fresta.
Som: Apenas o som abafado da cidade ao longe. O silêncio é denso.
Câmera lenta: Ela, sentada na beirada da cama, de costas, respira fundo.
Off ou em cena, olhando para a janela:
ELA (voz firme, contida):
"Quando for mexer com uma pessoa…
saiba…
qualquer uma, independentemente da aparência…
é uma flor."
Câmera: Close no rosto dela, expressão de dor contida.
ELA:
"Uma delicada flor… cheia de feridas…
maus-tratos, gritos, rejeições, abusos…
abandono… traições…"
Luz: A borda da janela fica mais clara, quase prateada.
CENA 2 — O ALERTA | FRENTE A FRENTE
Plano médio: Ela se vira, encara ele, que está em pé, ao fundo, meio na penumbra.
ELA (intensa, firme):
"Está proibido — ouviste? —
proibido maltratar… trair… mentir… abusar… pelear… gritar…
Já ultrapassamos o nÃvel suportável…
pela alma… e pelo corpo…"
E eu que pensei que você tinha adorado
Eu até que me esforce, mas depois me arrependi. Sinceramente não gostei. Me senti uma atriz pornográfica e você um desses acrobatas do sexo, garanhão.
Pausa dramática.
ELA (sussurrando, quebrada):
"Basta… basta… por favor…"
Plano detalhe: As mãos dela apertadas, os olhos úmidos mas não quebrados.
CENA 3 — O CONFRONTO | O OLHAR
Plano fechado: Ele, de pé, tenso, os punhos cerrados.
ELE (direto, sem rodeios):
"Quem é você?"
Ela caminha devagar até ele.
ELA:
"Eu sou tua alma irmã…
te acompanho por várias vidas…
Sempre… em nome do amor…
E em todas… tuas necessidades… me profanaram."
Ela chega perto, muito perto, olhos nos olhos.
ELA:
"Acorda.
Está na hora…"
Som: Batidas fortes do coração (sound design sutil).
CENA 4 — O ESPELHO | MEMÓRIAS
Flashback rápido:
-
Ele, carinhoso, entregando uma flor.
-
Eles dançando na sala.
-
Um beijo demorado.
De volta à cena presente: Ela, olhando para ele com dor.
ELA:
"Para me conquistar… foste doce… galanteador… romântico…
respeitoso… delicado…
E agora?
Logo depois que te aceito e me abro… que te acolho… que me entrego…
viras um ogro…
e só recebo maus-tratos…"
Silêncio absoluto.
Plano fechado: Ele fecha as mãos ainda mais, o olhar turvo.
ELE:
"Maus-tratos… te trato como minha mulher?"
CENA 5 — O GRITO SILENCIOSO
"Eu não sou tua mulher.
Eu sou uma mulher… que quer ser vista, não usada."
Escuta o que vou te presentear: Vocês aspirante a machões pensam que as mulheres só valorizam a sua performance sexual e estão completamente equivocados. Essa coreografia pornográfica só dá para fazer quando o bicho pega, aquele dia de lua cheia e uivo de lobos. No cotidiano, meu amor, o que queremos é carinho, papos inteligentes, namorar sem fim.
Esse teu papo extraterrestre é totalmente inapropriado, não percebes minha excitação?
Ela dá dois passos para trás, espaço simbólico.
E você não percebe minha calmaria?
'Emaranhamentos do sistema familiar'…
Acorda!
Quem está a�
Quem é você?"
Close nos olhos dela: lacrimejantes, mas incisivos.
ELA:
"Cadê meu irmão…
meu amante… meu namorado?"
Plano médio: Ele, imóvel, com o desejo mais bruto tomando conta.
CENA 6 — A TENSÃO
ELE (voz crua, primitiva):
"Eu te quero.
Te quero comer.
Para com tanta palhaçada…"
Plano sequência: Ela recua um passo, respira fundo.
ELA (trêmula, mas firme):
"Minha Deusa…
onde me meti?
O que tenho diante de mim?"
ELE (avançando, provocador):
"Eu não interpreto!
Eu desejo…
Sei que você quer que eu te pegue…
que te faça jorrar!"
CENA 7 — A DEFESA
Plano tenso: Ele avança.
Ela: rápida, firme — movimento clássico de Aikido.
Som: Corpo dele batendo no chão.
Plano fechado: Ele, surpreso, vulnerável, no chão.
Ele se levanta, envergonhado, e sai correndo.
Plano sequência: A porta bate, ela cai de joelhos.
CENA 8 — O LAMENTO
Plano fechado: Ela, ajoelhada, olhando para o chão.
ELA (sussurrando):
"Toda a culpa é minha…
mais uma vez…
acreditei…
me deixei levar…
pela atração fÃsica…
Santo tesão…"
Ela olha as próprias mãos, passa os dedos pela pele.
ELA:
"Estes homens…
tão inconscientes…
tão automáticos…"
Levanta lentamente a cabeça, encara o vazio.
CENA 9 — A DESCOBERTA
ELA:
"Olha aÃ…
o papel do machão…
que toda a minha vida repudiei…
Oh, minha Deusa…
por que atraio…
esse tipo de homem… pervertido?
Será que…
repito… o tal emaranhamento familiar?"
Ela se levanta, como quem renasce.
CENA 10 — O RENASCIMENTO
Plano aberto: Ela de pé, as costas eretas, luz entrando pela janela.
ELA:
"Eu devo ser…
a esquisita… a diferente…
Eu não quero só um corpo…
eu quero… um olhar…
um gesto…
um encantamento…"
O sol começa a invadir o quarto, dourado.
CENA 11 — A ILUMINAÇÃO FINAL
ELA (olhando para o horizonte):
"Por que é tão difÃcil…
encontrar?
Ou será que…
estou querendo uma coisa…
e atraindo outra?"
Ela abre a janela com decisão.
Luz total.
O DESPERTAR
ELA (respirando fundo, com doçura e firmeza):
"Dessa vez… aprendi.
Não dá…
não dá para ir ao sexo…
sem antes…
muito conversar…
cantar…
dançar…
confiar…"
Plano detalhe: Ela sorri suavemente, os olhos ainda marejados, mas agora cheios de uma nova compreensão.
ELA (com firmeza, num sussurro Ãntimo, para si mesma):
"Sim… dessa vez…
vence a Luz.
Não vou me deixar machucar.
Não…
não vou mais me entristecer.
Eu… já entendi…
Só posso me entregar…
a um Homem…
que cante… dance…
e saiba… contemplar…
encantar…"
Ela faz uma pausa, respira, baixa o olhar, e então sorri de lado, com uma franqueza quase infantil:
ELA:
"Aprendi…
Tenho que reconhecer…
na minha irradiação… coloquei pimenta demais…
Confesso: adoro fazer amor…
adoro me dar… sem fim…
Mas… isso…
só será pleno…
quando não for só pimenta e excitação…
Agora percebo…
ele tinha razão…
quem mudou… fui eu…
e nem tinha me dado conta…
O tipo de intimidade…
o tipo de sexo…
que eu quero…
é algo novo…
que ainda preciso descobrir…
Com alguém…
que… assim como eu…
também mudou…
e que… como eu…
quer construir…
algo novo…
no amor."
Plano sequência: Ela abre lentamente a janela, permitindo que a luz invada o ambiente.
Corte seco:
O rosto dela, banhado de luz, os olhos fechados, respirando profundamente.
Fade out.
Fim.
🎥 Indicações técnicas:
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Luz: Dramática, com transições de frio para quente, do prateado ao dourado, conforme a narrativa avança.
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Som: Trilhas etéreas, discretas, som de respiração, vento, um piano minimalista ao final.
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Ritmo: Alternância entre pausas longas e cortes secos, criando tensão e respiro.
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Atuação: Muito foco no olhar, pequenos gestos, pausas silenciosas mais eloquentes que falas.
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