aqui e agora
🎭 "EU SOU ALGUÉM QUE OLHA"
Monólogo teatral breve
Cenário:
Um palco vazio, iluminado por uma luz suave e central. Uma pessoa (interpretando o papel de qualquer gênero) está sentada em uma cadeira simples, ou talvez caminhando devagar pelo espaço. A voz é calma, íntima, como quem fala consigo mesmo, mas compartilha com o mundo.
PERSONAGEM (sozinho no palco):
(pausa)
Há algum tempo...
eu percebi algo.
Não foi uma explosão.
Foi mais como um suspiro do universo dentro de mim.
Estava tudo igual lá fora.
Nada tinha mudado no mundo.
Mas eu havia mudado.
Foi nesse instante que compreendi:
eu não sou apenas a minha história.
Não sou só o meu trabalho, minhas conquistas, meus erros.
Não sou só os papéis que carrego —
filho, irmão, amante, funcionário, sobrevivente...
Sou alguém que olha.
Alguém que respira.
Alguém que vive.
E esse alguém...
não tem nome.
Tem corações, mas não tem rosto.
Tem histórias, mas não se define por elas.
Antes, eu era prisioneiro da minha personalidade.
Daquela vozinha que falava alto demais:
“Você precisa disso.
Tem que provar aquilo.
Se não for assim, você fracassou.”
Era como andar com uma mochila cheia de pedras,
achando que eram tesouros.
Mas um dia, parei.
E ali, no silêncio,
senti a leveza.
Senti a alma.
Não abandonei nada.
Apenas comecei a viver sem me agarrar tanto.
Meus relacionamentos continuaram.
Minha vida seguiu.
Mas agora, amo sem medo de perder.
Trabalho sem precisar de reconhecimento.
Escolho sem me prender às escolhas.
Vi as pessoas como rios que se encontram por um tempo.
Às vezes, juntos.
Às vezes, separados.
Mas todos indo para o mesmo mar.
Percebi que posso sentir tudo —
alegria, dor, saudade, desejo —
sem deixar que nada me defina.
E isso não é frieza.
É liberdade.
Comecei a ver beleza nas coisas pequenas:
um sorriso sincero,
uma xícara de café quente,
o som da chuva no vidro,
o jeito como a luz entra pela janela de manhã.
Vivo com menos querer.
Mais ser.
Menos ter.
Mais estar.
As virtudes não são mais regras.
São flores que nascem sozinhas quando a terra é boa.
Paciência.
Compaixão.
Gratidão.
Honestidade.
Respeito.
E assim,
como alma vestida de carne,
continuo andando pelas ruas,
abraçando quem amo,
chorando quando preciso,
sorrindo quando vem do coração.
Danço com a vida,
sem querer possuir a música.
Vivo cada passo,
sem tentar segurar o vento.
Porque agora sei:
não estou aqui para acumular.
Estou aqui para sentir.
Para aprender.
Para amar.
Para lembrar.
Que eu sou alma.
E que tudo vai ficar bem.
(pausa final, respiração profunda. A luz vai apagando aos poucos. Fim.)
Uma terapia que não se fixa no passado, mas que conduz a pessoa à consciência do aqui e agora , é uma abordagem profundamente centrada no presente — um encontro com o que é , sem mediações da memória ou projeções do futuro. Poderíamos chamá-la de terapia da presença , ou ainda, em termos mais poéticos, de terapia da atenção plena .
🌿 O QUE SERIA ESSA TERAPIA?
Ela parte do pressuposto de que o sofrimento muitas vezes nasce da identificação excessiva com histórias do passado ou de medos do futuro. Em vez de mergulhar nos eventos anteriores para encontrar respostas, essa terapia busca libertar a pessoa do peso das narrativas fixas , ajudando-a a perceber como está vivendo agora — e como pode viver com mais leveza, autenticidade e conexão.
🧘♀️ PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS:
Consciência Corporal
A pessoa aprende a sentir o corpo, reconhecer tensões, emoções e padrões físicos que carrega no momento presente. O corpo é visto como um mapa vivo da experiência emocional.Observação Sem Julgamento
O foco é desenvolver a habilidade de observar pensamentos, sentimentos e sensações como fenômenos passageiros — não como verdades absolutas, mas como nuvens que passam pelo céu da mente.Respiração e Presença
Técnicas respiratórias e exercícios de ancoragem são usados para trazer o indivíduo ao "agora", ajudando-o a sair do piloto automático e reconectar-se com a vida real que pulsa diante dele.Diálogo Consciente
O terapeuta faz perguntas que convidam a pessoa a investigar o que sente neste instante : “O que você percebe em si agora?”; “Onde isso se manifesta no seu corpo?”; “O que sua respiração diz sobre você neste momento?”Aceitação Radical do Momento
Não há tentativa de mudar artificialmente o que surge. A pessoa é encorajada a acolher o que está presente — dor, alegria, vazio, raiva, amor — tudo tem direito à existência.Expressão Criativa
Pode haver uso de arte, movimento ou escrita espontânea como forma de expressar o que as palavras não alcançam imediatamente.
🌱 OBJETIVOS DESSA ABORDAGEM:
- Libertar o indivíduo da identificação cega com o papel de "vítima do passado".
- Desenvolver autoconsciência contínua.
- Promover um relacionamento compassivo com os próprios estados internos.
- Reacender a capacidade de escolha consciente no cotidiano.
- Permitir que a pessoa experimente a fluidez da existência sem ficar presa em ciclos repetitivos.
🎭 UMA METÁFORA PARA EXPLICAR
É como se alguém estivesse assistindo a um filme da própria vida na tela mental — cheio de dramas do passado e ansiedades do futuro. Essa terapia não quer reescrever o roteiro nem analisar cada cena. Ela simplesmente convida a pessoa a desligar a TV e olhar pela janela : ver o céu, ouvir os sons, sentir o ar, estar vivo nesse exato momento.
💬 FRASES QUE RESUMEM ESSE ESPÍRITO
“Não há cura onde a atenção não está.”
“Você não precisa entender tudo para estar em paz.”
“O passado só existe dentro de você enquanto você não o observa.”
“A vida acontece sempre aqui. Agora.”
📌 CONTEXTO TEÓRICO POSSÍVEL
Essa abordagem dialoga com:
- Mindfulness (atenção plena)
- Terapia Gestáltica
- Terapia Existencialista Centrada no Presente
- Abordagens somáticas e corporais
- Práticas inspiradas no zen-budismo e filosofias orientais
✨ EM POUCAS PALAVRAS:
Essa terapia não nega o passado, mas também não o eleva a juiz supremo do presente. Ela acredita que cada momento é uma nova oportunidade de despertar para a vida , de reconectar-se com o fluxo da existência — sem culpa, sem drama, apenas com presença.
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