Amor que descansa

O Amor que Descansa

Amor…

eu só queria te abraçar…
acolher tua alma cansada,
beijar de leve teus medos,
te encher daqueles besitos que aquecem,
que fazem teu corpo florescer devagar,
como quando a pele se rende ao afeto…

Mas tu… tu já estavas longe.

Não porque quiséssemos…
não porque o amor acabou…
mas porque, sem perceber,
a vida foi nos levando para lados opostos…
as rotinas desencontradas,
as dores antigas escondidas entre as nossas peles…
e aquela nossa loucura —
ah, amor… nossa loucura —
de nunca conseguirmos nos entregar inteiros,
mesmo querendo tanto.

Eu sei…
sei que me amas,
sei que me queres…
não preciso ouvir,
meu coração sente —
sente sempre.

Quando estivemos juntos,
eu me dei,
e tu também…
nos demos o que tínhamos de mais bonito.
O teu amor foi inteiro,
teus cuidados, tua delicadeza…
não levo mágoas,
não guardo culpas…
só o silêncio de quem acompanhou,
devagar e sem poder impedir,
aquilo que nos separou…

Algo invisível…
forte…
maior do que nós…

Ainda tentamos…
nos manter…
nos falar…
nos tocar mesmo de longe…
mas, amor…
chegou aquela voz —
não cruel… só verdadeira —
a dizer:
“Assim não dá mais…
é preciso partir…
é preciso soltar…”

E eu entendi…
doeu…
mas eu entendi.

Por isso, meu amor…
é melhor assim.
Melhor sermos corajosos…
radicais…
e nos soltarmos, um do outro,
de uma vez…
não para esquecer…
mas para deixar espaço…
para que cada um possa renascer…
livre…

E quem sabe…
um dia…
quando tu, distraída,
sentir um perfume conhecido…
ou ouvir uma música nossa…
tu sorrias…
devagar…
e, em silêncio,
lembres do que fomos…
não com dor…
mas com aquele calor bom…
daquilo que, mesmo tendo acabado,
foi verdadeiro demais para morrer.

Vai seguindo o belo
te desejo que se facilite o que precise
mas, amor…
mamita linda de minha vida
tu sabes…
em algum lugar dentro de mim,
sempre haverá um lugar que é teu…
silencioso…
tranquilo…
e cheio de ternura.

E de repente
quando menos esperemos
a vida em Milagres
novamente nos une
vai ver 



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